Atrás da forma globalizada do real, de que estão ausentes contradições, diferenças e demais rastros do concreto, há talvez uma parte de indiferença. Noutra chave mais óbvia, é verossímil dizer que a designação vazia e abrangente do mundo a ser mudado recolhe algo do modo burocrático de operar. Unindo ambição e indefinição totais, o "tudo" funde as insuficiências do messianismo e a suficiência sem promessas da burocracia. (...) Como não temos parâmetros, o que fica é a gesticulação abstrata do desejo de transformar, embalada em tipografia atraente [em referência ao poema Póstudo, de Augusto de Campos, publicado no Folhetim de 27 de jan. de 1985]. A alteração vale para os outros contextos temáticos que assinalamos: revolução, luta literária, programa modernista, passado pessoal significativo, todos estão presentes através de um esquema do fazer transformista em geral - projeto, transformação, transformação do transformador - que na falta de seu objeto se reduz a imagem, encenação, ideologia de si mesmo. Desaparecem seu preço, o seu prêmio e seu sentido, e permanece o seu perfil, um prestígio antigo entre outros, quase uma saudade, pronto para ser matéria pop no mercado cultural. (Roberto Schwarz, Que horas são? - ensaios, página 66, 2ª edição).
El tiempo dize verdades,
Pues nos dize en los del año.
Que en nuestra vida es engaño
Esperar eternidades,
Buela ligero, y ligera
Buela con el nuestra vida,
En sus tiempos repartida
Del mismo modo y manera;
Primauera es la niñez,
El Estio mocedad,
Otoño virilidad
Y el Inuierno la vejez;
Nadie pues le finja eterno,
Y aduierta, que suele hazer
La muerte consu poder